sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Fraude com ações teria sido armada com base em informações bancárias




Disponível também em fredericocattani.com.br


Dois agentes de mercado investigados pela Polícia Federal por causar perdas de pelo menos R$ 25 milhões a investidores usavam informações privilegiadas para escolher as vítimas. Ambos trabalhavam como gerentes de um banco antes de abrir a própria empresa e teriam acessado dados confidenciais para montar uma lista de clientes potenciais baseados nos recursos acumulados.

Conforme aponta investigação da Polícia Federal, Desiree Pacheco e Fabiano Teixeira, sócios na empresa DF Trade são suspeitos de realizar operações de compra e venda de ações sem o consentimento do investidor, o que é proibido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula atividades na bolsa de valores. O intuito seria ganhar a comissão gerada pelo serviço e não fazer bons negócios para os clientes.

Os supostos fraudadores atuavam como agentes autônomos vinculados a pelo menos cinco corretoras de grande porte no país.

Mário Sérgio Vaz Cabeda é um dos afetados pela suposta fraude. O professor universitário deixou cerca de R$ 80 mil em 2011 e 2012 aos cuidados da DF Trade. Alertado pelo irmão, também cliente, que desconfiou dos extratos emitidos pela empresa, resolveu resgatar o dinheiro investido. No período, perdeu quase R$ 30 mil, diz:

– Eu só confiei neles porque tinha o nome de uma grande empresa por trás. Depois de uma negociação difícil, a corretora ressarciu de forma parcial os prejuízos.

A quantidade de supostas vítimas chega a 60. Além do número de clientes enganados, que cresce conforme avançam as investigações da Polícia Federal, aumenta o tamanho do prejuízo. As perdas relatadas até agora são projetadas em R$ 25 milhões, 10 vezes mais do que o inicialmente estimado.

Depois de negar a prisão preventiva dos dois suspeitos, a Justiça determinou nesta quinta-feira o bloqueio de bens dos investigados, como prédio comercial em Santa Maria, residência em Passo Fundo, casa em condomínio de luxo em Gravataí e carros importados. Procurados, Desiree e Fabiano não atenderam às ligações.

Supostos fraudadores teriam ganhado com a massiva compra e venda de ações, a chamada taxa de corretagem, sem pedir autorização dos clientes

1. Antes de trabalharem como agentes autônomos, os dois profissionais investigados atuavam como gerentes de banco. Graças ao cargo, tinham acesso a informações confidenciais. Utilizando-se da posição privilegiada, montaram um banco de dados com nomes de clientes que tinham bastante recursos.

2. Depois de pedirem demissão, passaram a ir atrás dos clientes do banco para oferecer o serviço de orientação para investimentos no mercado financeiro. Os supostos fraudadores se utilizavam da credibilidade conquistada como gerentes de conta para convencer as vítimas a se tornarem seus clientes.

3. De acordo com a lei, a cada compra ou venda de ações, os agentes precisam de autorização expressa dos clientes para a efetivação dos negócios, que é feito por meio de uma corretora. Em cada uma delas é gerada a chamada taxa de corretagem, valor pago ao agente autônomo, responsável por intermediar o serviço.

4. O que os agentes investigados estariam fazendo era efetuar uma grande quantidade de operações sem autorização dos clientes. Sem se importar com o rendimento do dinheiro, a dupla supostamente estava preocupada apenas em ganhar a fatia cobrada pelo serviço.

5. O esquema começou a ruir quando alguns clientes começaram a desconfiar das sucessivas perdas e procuraram a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão responsável pela fiscalização do mercado financeiro no Brasil.

6. Uma das vítimas teria investido R$ 606 mil, com perda de 60% do valor em pouco mais de um ano entre pagamento de taxas e negócios mal feitos. Nesse período, foram pagos R$ 141 mil em corretagem. Até agora, 60 vítimas já foram identificadas e a fraude chega à cifra de R$ 25 milhões.

Fonte: Zero Hora.