terça-feira, 25 de junho de 2013

Economista afirma na CAE que o país enfrenta desindustrialização




Disponível também em fredericocattani.com.br


Para o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, o processo de desindustrialização do Brasil é uma realidade. Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), ele disse que isso aconteceu não apenas porque o país perdeu cadeias industriais, mas também porque deixou de avançar em novos setores, sem acompanhar a terceira revolução industrial - as transformações no campo digital que caracterizam as economias mais dinâmicas.

Na avaliação do economista, a valorização do câmbio a partir do Plano Real foi uma opção de política que levou o país a perder espaço no campo industrial. Segundo ele, isso aconteceu no momento em que havia uma reconfiguração da organização industrial no mundo, ao mesmo tempo em que o Brasil executava uma política de incentivo às importações para controlar a inflação.

- Esse erro crasso de política econômica expôs o Brasil a uma competição que mudou de natureza, em que nossos competidores têm uma agressividade nas políticas de exportação que é inédita – disse.

Os competidores seriam a China e países do sudeste asiático, que a seu ver formam um cluster industrial, com cadeias produtivas articuladas entre si. Antes, ele salientou que houve mudanças no fluxo de capitais no mundo, que até os anos 60 se dirigiam aos Estados Unidos. Porém, em meados dos anos 90, houve um redirecionamento, especialmente para a China e outros países asiáticos, com a saída de empresas americanas para essa região.

Para o economista, o Brasil não soube acompanhar as mudanças e promover uma reinserção competitiva na economia global. Nos anos 90, reforçou, o país passou sistematicamente a usar o câmbio para combater a inflação. A seu ver, com o regime de metas para administrar as expectativas de inflação, a sobrevalorização do Real não era absolutamente necessária.

O debate com Belluzzo, agora na fase de questionamentos dos senadores, atende a requerimento dos senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Cristovam Buarque (PDT-DF). O objetivo é discutir a solidez da economia brasileira e suas perspectivas para a próxima década, aprofundando uma análise sobre o cenário do setor industrial como fator de competitividade.

Fonte: Agência Senado.