Os
empresários brasileiros, ao contrário da ideia propagada de que vivem em uma super economia
e com as facilidades de um mercado próspero – com base nas divulgações que o
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,7% em 2011, e o Brasil passou
a ser a sexta economia mundial ultrapassando o Reino Unido - , vivenciam um
terreno estéril, propenso a derrocadas e no qual muitas empresas que se
aventuram fecham, buscam recuperação judicial ou simplesmente quebram (pedem
falência).
Segundo
o Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações, houve 152
pedidos de falência em todo o país, somente no mês de fevereiro. O número
demonstra uma aumento forte, sendo que não é isolado; em janeiro último, o
levantamento havia verificado 124 requerimentos, e em dezembro de 2011, 120
pedidos, o que demonstra um aumento gradativo.
Cabe
ser ressaltado que dos 152 pedidos de falência realizados em fevereiro deste
ano, 79 foram de micro e pequenas empresas, 46 de médias e 27 de grandes
empresas.
Deve
ainda ser respeitada a cifra negra, ou seja, as empresas que fecham
informalmente, sem qualquer comunicação aos órgãos legais e que não são computadas
em estatísticas. Existe ainda uma cifra cinza, de empresas que, mesmo sem
falir, fecham as portas. Assim, o número real de empresas fechando as portas em
janeiro e fevereiro é, com certeza, muito mais preocupante. O crescimento
sólido da economia interna do Brasil, dos últimos tempos, está diretamente
relacionado ao aumento de crédito fornecido ao mercado (dívidas assumidas e em
sua maioria ainda não pagas).
Por
isso, o aviso de emergência que se acende é sobre a inadimplência do mercado.
Os economistas da Serasa Experian salientam que a inadimplência das empresas
vem subindo em razão da menor capacidade de gerar receitas para pagar as
dívidas assumidas, consequência clara da baixa atividade econômica e dos juros
ainda elevados. Além disso, a inadimplência do consumidor também influencia
diretamente no caixa dos negócios. Resultado, desta cadeia e interdependência
dos negócios, o período que sobrevém é de enxugamento da circulação de dinheiro
no mercado, menor crescimento e aumento das falências.
A estimativa do Euler-Hermes, maior grupo
mundial de seguros de crédito, é que este ano, pelo menos 330 mil empresas ao
redor do mundo passem a fazer parte do grupo das companhias falidas – número 3%
maior do que no ano passado. E o Brasil, mesmo não sofrendo tantos impactos,
deve tomar cuidado, afinal, os reflexos da crise podem, de alguma maneira,
afetar as empresas nacionais.
* Frederico
Cattani Advocacia, sediada em Salvador, Bahia, atua com foco no Direito
Empresarial e Penal, com ênfase em crimes societários, falimentares, econômicos
e financeiros. *